DÉBORA AMARAL




Cerâmica Rendada



Morfologia
Percursos da forma, cor e sentidos
Trazendo as rendas de família para o barro, fui criando placas, vasos, tigelas, variando em formas orgânicas e deixando as gravuras das rendas aparecerem como desenhos na superfície do barro, que se modificava conforme a posição das impressões. Esse ritmo de trabalho foi intenso, criei inúmeras peças e nenhuma era igual, cada uma tinha sua identidade na forma, cor de barro e esmaltação. As peças foram produzidas em argila com diferentes cores e temperaturas de queima.
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Figura 3. Cerâmica esmaltada, 26 x 6 cm. Débora Amaral, 2017.
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Figura 4.
Cerâmica esmaltada, 32 x 8 cm.
Débora Amaral, 2017.
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Figura 2; Cerâmica de baixo esmalte. Débora Amaral, 2017.
As cerâmicas feitas a partir das rendas de crochê foram nomeadas como Tecer o barro.
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O barro é o corpo, o fenômeno, o suporte, a estrutura, a vida, a existência, o valor, já o crochê gravado é a poesia, o sentido, o contexto, enredo, trajetória, circunstância.
A matéria traz a linguagem do trabalho, consegue dar corpo, firmeza, conexão com a origem. A impressão de toalhas de crochês dão as formas de mandalas que revelam centros e suas relações, sequências, padrões, novos desdobramentos, ritmos, movimento, fluxo.
A mandala (que, em sânscrito, significa “círculo”) também possui outros significados que remetem a energia. O interesse por composições com a cor e por formas mutantes, instáveis, com inúmeros resultados, surgiu de uma mesma matriz sobre formas orgânicas utilizando o barro como suporte.
As cores puras ou misturas se desdobravam e dos restos reaproveitados nasciam novas possibilidades visuais. A cor, em certa instância, parecia falar mais do que a modelagem. Com as composições começou a surgir a diversidade, combinando e criando espaços e sequências nas peças.
A cor presente em meu trabalho mesmo sendo planejada, preparada, estudada é sempre um resultado inédito, pois dependendo da queima, massa cerâmica sua fundição sempre traz surpresas. A cor revela-se como fruto do acaso.
A renda impressa no barro ganha um corpo, mas tão maleável quanto a linha.
Fragmentos, sequências, combinações, desdobramentos, poesias que dialogam com a cor, o espaço e a forma.