DÉBORA AMARAL

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As correntes, que em meus trabalhos anteriores também foram desdobramentos das rendas, tinham sua autonomia, não precisavam mais das linhas, elas eram os fios.
Na intensa repetição, tanto de placas como de correntes, a quantidade transformava o corpo, o campo representativo. A dignidade do barro poetizava o itinerário.
Como no poema de Manoel de Barros, “Uma didática da invenção”: “[...] repetir, repetir – até ficar diferente. Repetir é um dom do estilo”. Fui repetindo formas e gerando um corpo, uma identidade, ou melhor, uma poesia feita de barro queimado.
Passei a experimentar a junção de unidades circulares formando placas utilizando a modelagem com a massa cerâmica para porcelana. Círculos justapostos traziam a ideia de células. A porcelana com sua superfície branca traz a abstração para uma presença sofisticada, valorizada, reluzente, que mostrasse a conexão como uma pureza divina, impecável e perfeita. A escolha da porcelana pretendia trazer essa sofisticação ao trabalho, mas sem esquecer que ela é barro também.
Ao pensar e sentir na relação com a matéria, pude evidenciar a linguagem poética minha pesquisa conceitual ao metaforizar as relações humanas de modo filosófico, químico, físico e poético. As relações são inevitáveis ao ser humano, ninguém nasceu só ou vive só. Estamos em rede. A Conexão é importante para nos sentirmos pertencentes. Memórias, heranças, padrões comportamentais e DNA são continuidades infinitas. Podemos perceber combinações, semelhanças e opostos. Equilíbrio e desequilíbrio. Encontro e desencontro. Pensamento e sentimento. Positivo e negativo.