Meu processo criativo discute a linha como matéria e narrativa poética. Aqui na série
Tramas da Vida, dialogo com a linha inspirada nas formas da botânica
como poesia visual. A cerâmica e a tecelagem estão aqui a serviço da estética, um
processo de identidade biográfica e, sobretudo, são ofícios ancestrais femininos, partes
da cultura popular. A cerâmica transforma-se em um processo alquímico, envolvendo
terra, ar, água e fogo, concedendo a sua grandiosidade para corporificar as linhas vindas
da própria seiva terrestre. Ao tecer com cordões de barro, encontro a busca pela
volumetria nas sutilezas da modelagem, como também, as possibilidades de colorações
envolvendo fenômenos químicos e criativos. A tecelagem também presente no meu
processo criativo, metaforiza as conexões nas relações humanas. A linha como símbolo
de ligação, vai tecendo caminhos, entrelaçamentos, possibilidades de direções,
combinações diversas, trazendo um território relacional. Linhas torcidas, ramificadas,

encaracoladas,  brincam com o espetáculo das mãos, homenageando e

poetizando os fenômenos naturais.

                                                                                                                   Débora Amaral